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Quem Sou Eu: Fabrício Siqueira

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Nascido na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, no norte do estado do Rio de Janeiro. Biólogo, Astrônomo amador e autodidata em diversas áreas de conhecimento.

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* Certas imagens ou vídeos postados nesta página da web poderão conter elementos fortes e inapropriados para algumas pessoas.

13 de nov. de 2009

Parasitas: Toxoplasma gondii e Toxoplasmose



Esta postagem inaugura uma série de matérias que serão postadas relacionadas à infecções parasitárias. Nesta série, serão abordados a Biologia de cada parasita, seus aspéctos clínicos e epidemiológicos, bem como as peculiaridades das interações parasita-hospedeiro. Tentarei me expressar em uma linguagem simples, objetiva e acessível ao público em geral, fornecendo sempre no final de cada matéria, fontes para obtenção de informações mais técnicas e detalhadas. Hoje, vamos falar do protozoário Toxoplasma gondii e as manifestações da parasitose por ele causada, chamada toxoplasmose.

Toxoplasma gondii é um protozoário parasita intracelular obrigatório, ou seja, um organismo que precisa utilizar o ambiente interior de uma célula para ser bem sucedido em seu parasitismo. Ele possui uma ampla distribuição mundial, sendo praticamente encontrado em todas as regiões do planeta e infecta diversas espécies de animais, assim como os seres humanos, e, portanto, apresenta uma importância do ponto de vista clínico e veterinário. Em pessoas em bom estado de saúde, a infecção por este protozoário geralmente é assintomática (não havendo manifestações clínicas) devido ao provável bom estado de seu sistema imunológico.Apesar disso, sempre há o potencial para que estas manifestações aconteçam em algum momento da vida do hospedeiro. Uma manifestação bem conhecida é a doença ocular, que gera lesões na retina e no coróide podendo comprometer a visão. Em indivíduos com o comprometimento do sistema imune (como por exemplo, aqueles infectados pelo vírus HIV, ou que se submeteram a transplante de órgãos, que fazem o uso de drogas imunosupressoras), a toxoplasmose pode representar um sério problema, com risco de complicações neurológicas que podem ser fatais!

Classificação taxonômica do Parasita:

- Reino: Protista
- Filo: Apicomplexa
- Classe: Conoidasida
- Subclasse: Coccidia
- Ordem: Eucoccidiorida
- Família Sarcocystidae
- Gênero: Toxoplasma
- Espécie: Toxoplasma gondii

Representa um dos protozoários parasitas mais bem sucedidos, cuja infecção apresenta uma alta prevalência mundial. Um organismo capaz de invadir praticamente todos os tipos de células nucleadas de seus hospedeiros. Seu ciclo biológico inclui reprodução sexuada e também assexuada. Toxoplasma gondii possui o gato doméstico e outros felídeos como seus hospedeiros definitivos, e nestes, sua reprodução pode ocorrer tanto de modo assexuado como sexuado. Seus hospedeiros intermediários, nos quais ocorre apenas a forma assexuada de reprodução, podem ser os seres humanos, outros mamíferos e também as aves.

Sua interação com a célula hospedeira inicia com a adesão do parasita na superfície celular, seguido da invasão. No interior da célula, o T. gondii induz a formação de uma estrutura chamada vacúolo parasitóforo, onde será o seu local de replicação. As principais formas encontradas destes protozoários são: 1- Taquizoítos (formas de multiplicação rápida); 2- Bradizoítos (formas de multiplicação lenta, presentes em cístos teciduais formados quando a infecção se torna latente) e 3- Oocistos (uma forma de resistência às condições ambientais, que é encontrada nas fezes de gatos e outros felídeos).

Desenhos esquemáticos da forma taquizoíta (esquerda) e bradizoíta (direita)
e suas estruturas celulares (Extraído de Dubey et al., 1998)

Slide 8 A- Oocisto não esporulado; B- Oocisto esporulado contendo dois esporocistos,onde em um deles 4 esporozoítos de Toxoplasma gondii podem ser vistos.
(Dubey et al., 1998)

Ciclo Biológico do T. gondii

O ciclo de vida do parasita é complexo e só se completa nos seus hospedeiros definitivos (felinos), como será descrito a seguir:

1- Os parasitas invadem várias células do organismo hospedeiro, formando o vacúolo parasitóforo, onde se proliferam assexuadamente por um processo chamado endodiogenia, dando origem as formas de taquizoíto.

2- Após a proliferação os taquizoítos deixam as células hospedeiras para infectar outras células. Posteriormente pode ocorrer a diferenciação dos taquizoítos para bradizoítos e a formação de cistos teciduais.

3- Felinos podem ser infectados ao ingerir cistos teciduais presentes na carne de animais, ou até mesmo através de ingestão de oocistos. Ao atingir o intestino, os parasitas penetram nas células epiteliais onde se multiplicam de forma assexuada dando origem aos merozoítos.

4- Ocorre o rompimento das células e os merozoítos são liberados podendo invadir outras células. Posteriormente, eles se diferenciam em gametócitos (microgametas e macrogametas), iniciando-se assim a sua reprodução sexuada.

5- Após a maturação, os microgametas (masculinos) fecundam os macrogametas (femininos), formando zigotos, que são eliminados como oocistos não esporulados nas fezes dos gatos.

6- Os oocistos esporulam no meio ambiente, podendo ser ingeridos por felídeos ou outros animais, reiniciando o ciclo.

Ilustração do Ciclo do Toxoplasma gondii
(Dubey et al., 1998)

Vias de Transmissão e manifestações clínicas da toxoplasmose

Existem 3 principais meios de transmissão do T. gondii para seres humanos: Ingestão de oocistos que poderiam estar presentes na água e/ou nos alimentos contaminados; ingestão de cistos teciduais, através do consumo de carne crua ou mal cozida, que poderia conter estes cistos; e a transmissão transplacentária, na qual a mãe que foi infectada durante a gestação pode infectar o feto em desenvolvimento.Outras eventuais formas de transmissão seriam através de transfusão de sangue, transplante de órgãos ou acidentes em laboratórios.

A infecção por T. gondii frequentemente causa linfoadenopatia cervical assintomática, com nódulos geralmente discretos, acompanhada de febre e alguns sintomas similares aos de um resfriado. As manifestações clínicas da toxoplasma podem decorrer de : 1- reativação de uma infecção latente em pacientes que apresentam uma baixa em seu sistema imunológico; 2- toxoplasmose ocular ; e 3- infecção primária durante a gravidez, que eventualmente resulta em infecção congênita do feto. Um dos grandes riscos em pacientes imunocomprometidos, é a encefalite toxoplásmica, uma condição que pode levar à morte.

Fundoscopia mostrando lesão ocular associada à toxoplasmose


Criança com hidrocefalia, um dos riscos da infecção congênita
por Toxoplasma gondii


Embora a toxoplasmose seja assintomática em aproximadamente 90 % dos casos, estima-se que boa parte da população mundial apresente sorologia positiva para o parasita. A infecção dispara uma forte resposta imunológica no hospedeiro, que tem por objetivo controlar a proliferação dos protozoários e ao mesmo tempo regular o grau da resposta inflamatória, pois os próprios mecanismos do sistema imune podem ser nocivos aos pacientes, caso esta resposta não seja bem balanceada pelos processos reguladores. Com a idade, os riscos de reativação da infecção remota, assim como os riscos de uma maior sintomatologia a partir de uma infecção primária tendem a ser maiores. Estes riscos têm sido atribuídos à alterações do sistema imunológico que normalmente ocorrem à medida em que envelhecemos.

Como podemos ver, a toxoplasmose se trata de uma parasitose comum a humanos e animais. Geralmente há uma correlação positiva entre a alta prevalência da infecção em uma determinada região, e condições precárias de habitação e saneamento. A infecção é tratada com medicamentos tais como a pirimetamina e sulfodiazina e estudos vem sendo realizados no contexto de obtenção de uma vacina eficaz na sua prevenção. Atualmente possuimos um grande grau de conhecimento em relação a este protozoário, assim como uma grande quantidade de trabalhos publicados na literatura científica. Esse avanço no conhecimento pode ser promissor na elaboração de novas estratégias de monitoramento e profilaxia da toxoplasmose. Voltaremos em breve, com mais uma matéria na série "Parasitas".

Sugestão de leitura (links):

Toxoplasmose (Hospital Policlin)

Immunopathology in ocular toxoplasmosis: facts and clues

Vaccines against Toxoplasma gondii: challenges and opportunities:

Toxoplasmosis: Pathogenesis and immune response


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7 comentários:

  1. muito bom o texto, me ajudou bastante!
    parabéns!

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  2. Adorei! Informações seguras!!! Obrigada

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  3. BOM primeiramente prazer o meu nome é Diêgo te nho 16 anos.
    eu gostei muito da informação,porque é bem segura,interessante e tem um contexto bacana,eu estou estudando um pouco disso na unicamp,no entanto isso me ajudou bastante,quem publicou continue assim pois eu sempre estarei entrando nesse site e elogiando,não só eu mais eu tenho serteza que muitas outras pessoas também elogiaram todo esse trabalho exemplar e explendido.parabéns assinado:Diêgo fs!!!

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    1. Ola meu nome é Gabrieli,tenho 11 anos e estou aqui para fazer um trabalho,gostei do texto,mais infelizmente não achei oque eu procurava.Bjokas na bochecha e até mais!

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  4. Top demais, estou fazendo meu TCC sobre, achei informações ótimas!

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